Explorando caminhos

 ...Quando iniciei a busca pela hstória da minha família, estava longe de imaginar o tanto que há por saber.

Os registos vitais comprovam a existência física de um antepassado.

O assento de batismo, documento oficial dos nascidos até 1911, era lavrado nas igrejas, pelo padre; Neste documento confirmamos a filiação, profissão e estado civil de pais, avós,tios, padrinhos. Na certidão de casamento juntamos mais algumas informações, como as idades dos noivos e profissões, podemos encontrar moradas e novas relações familiares ou mesmo actos jurídicos e canónicos.

Na certidão de óbito conseguimos confirmar que todas as informações coincidem e que se trata efectivamente da pessoa que investigamos.

Depois existe a outra parte,a que dá um enorme gozo...como era no tempo dos meus avós? 

Quem governava o país

Quem mandava na cidade,na vila, de que actividade viviam;

Porque emigravam?

O que buscavam noutro país?

Quem deixaram para trás?

Um avô meu, nascido em Aveiro, acabou por ir casar em Marco de Canavezes; era Tamanqueiro de profissão, mas a determinada altura já era Oficial Público, ou seja, era um escrivão do Juíz de Paz, a antiga figura de Presidente de Junta de Freguesia. Foi na época de grandes deputados oriundos de Aveiro, grandes escritores, que já o sendo à época, se tornaram ainda maiores, como Eça de Queirós, entre outros.

Vivia-se uma época em que os estudos anda não eram prática comum; saber ler e escrever, tornavam um indivíduo uma peça chave na comunidade. 

As pessoas que trabalhavam as terras de alguém, viviam em casinhas dentro das propriedades, tinham cerca de 9 filhos, mãe-de-obra para o amanho da terra. As mulheres eram consideradas governantas de suas casas, ou eram tecelãs ou costureiras. Geralmente vinham a casar com os filhos mais velhos de outros trabalhadores, e, quando tinham filhos, numa grande parte das vezes, os seus patrões eram os padrinhos de batismo. Asseguravam assim um futuro aos seus filhos, pois ser padrinho naquela época, equivalia a mandá-los estudar ou fornecer uma carta abonatória em caso de emigração e pagar alguns custos do afilhado.

Gosto de ler os registos todos de um livro de uma paróquia, pois acabo por encontrar relações sociais que depois me levam a outras localidades, com outras caracterísiticas, sejam geográficas ou culturais.

Tenho procurado formação específica nesta área, mas não tive outro remédio, que não o de me tornar autodidata...acho que me tenho conseguido encontrar no caminho e já conheço verdadeiramente a história da minha família até meados do século XVI. 

A primeira vez que obtive um assento de baptismo, foi uma maravilha! Pedi por e-mail, directamente ao padre da paróquia onde sabia que o meu avô tinha sido batizado, pois tinha cartas e documentos antigos.O Padre enviou-me a certidão por e-mail. Só mais tarde percebi o que era na realidade a Digitarq e o que lá conseguia consultar! A seguir descobri o Family Search... engraçado, a primeira vez qe acedi, não consegui encontrar rigorosamente nada. Inseria o nome, com todos os dados, como data de nascimento, filiação, data e local de casamento e...não aparecia nada! Só quando me voluntariei como indexadora é que percebi: aquele registo ainda não tinha sido indexado,ou seja, alguém teria de consultar o livro, transcrever para a base de dados do FS e só depois disso o nome apareceria no índice de nomes com registo. O Family Search funciona de modo parecido à Digitarq; podemos consultar imagens, ou seja, acedemos aos livros que estão digitalizados e folheamos até encontrarmos o registo que procuramos. A grande diferença, quanto a mim, é que no FS existem livros de notas(registos civis) com datas posteriores a 1911, enquanto que na Digitarq existem poucos livros de registo civil após 1911, que estejam acessíveis online e gratuitamente, além de que o brasil é enorme. O FS é uma plataforma onde podemos consultar registos de propriedades, como terras e escravos, Registos de movimentos migratórios, Registos de divórcio, partilhas e heranças, jornais de época, diários de família, de trabalho, etc

Actualmente, um grande número de brasileiros pretende obter a cidadania portuguesa por descendência.

Para dar entrada no processo, é necessário comprovar a nacionalidade do seu ancestral: certidão de baptismo/registo de nascimento, certidão de casamento.

Muitas vezes acontece que um cidadão brasileiro sabe que o seu avô era português. Tem documentos que comprovam isso mesmo, em registos de filhos, em que é indicado como português. No entanto, em parte alguma informa de que parte de Portugal é oriundo...e Portugal é um enorme país pequenino...

Então, por onde começar? 

Memórias de família: um prato de culinária, um bibelôt, fotografias, diários, e claro, documentos de identificação. Não há nada? Então, é preciso reduzir o tempo e espaço: Se em 1931 o indivíduo faleceu em determinado local, significa que estava nesse local à data da ua morte; se deixou viúva, casou algures; se registou um filho legítimo em 1920, significa que nessa data já estava casado. Se à data do óbito tinha 45 anos, então, terá nascido em 1886 e entre essa data e a do nascimento do seu primeiro filho, deixou a sua terra natal e emigrou para o Brasil.

É compicado ler todas as listas de embarque/desembarque entre 1886 e 1920, até porque não sabemos se viajou sozinho ou com familiares e só com o nome, podem ser tantos...

Aqui, depara-se um grande problema. Os erros dos notários brasileiros eram tantos, que em dois registos de filhos, os avó são de nomes diferentes, sabemos no entanto, que o obituado faleceu com 45 anos em 1931. Deixou viúva e 4 filhos, sendo 3 deles, menores de idade.

Sabemos que a viúva nasceu de mãe solteira, mas no seu óbito consta ter falecido viúva,do anterior, e que era filha de e de, logo, em determinada altura foi reconhecida pelo pai biológico e mais informa que seu marido, já falecido, era natural de Portugal. 

Passo 1: encontrar o casamento destas duas pessoas, para tentar obter o local de nascimento do português.

Onde procurar? : No local de residência, onde foi registado o primeiro filho: nas igrejas e nos notários.

Em jornais da época eram publicados os banhos,ou seja, a comunidade era informada de que fulano e fulana de tal iriam celebrar matrimónio, que seria impedido por quem tivesse informações que invalidassem o casamento, como um deles já ser casado ou ter algum pendente judicial.

E se não tiverem casado? No registo de nascimento, o pai éo declarante, que informa que está a registar o seu filho, dado à luz por sua esposa, logo, ao informar que a criança é sua filha legítima, está a dclarar que houve casamento.

O Family Search é duma enorme ajuda, pois podemos consultar vários livros digitalizados, por ano e local, e existem também alguns livros de casamentos feitos em casa, em que o notário se deslocava ao local para oficializar a cerimónia. Em determinadas épocas havia uma cerimónia religiosa, que também podia ser em casa ou capelas privadas, mas já noutra época, era também obrigatório um reconhecimento legal do compromisso, que passava apenas pela assinatura de documentos em cartório ou sem cerimónia religiosa e apenas civil.

Tenho para mim, e vale o que vale, que poucos portugueses terão casado no brasil, sem uma cerimónia religiosa, O casamento seria organizado pela família da noiva, na área geográfica da casa da família da noiva, principalmente se o noivo não tivesse família no brasil.

Procurei em Salvador da Bahia, no cartório onde foi registado o primeiro filho, foi solicitada ma busca entre 1915 e 1921 e não foi encntrado qualquer caamento entre Manoel e Maria

Procurei em Inhambupe, origem da noiva, nas igrejas circundantes, no cartório e não foi encontrado qualquer registo de casamento entre Manoel e Maria

Procurei em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, e nada encontrei.

Procurei movimentos migratórios de e para Salvador entre 1915 e 1972 e encontrei Maria, de Inhambupe para o Rio de Jeneiro,inserida num grupo de família Pinto de Carvalho (pai de Maria)e de Salvador para Rio de Janeiro, quando se deslocou para casa da filha por motivos de saúde,já viúva.

No Rio deJaneiro encontrei registo de netos dos pais de Maria, filhos de pelo menos 3 irmãos, casados e com filhos, no Rio de Janeiro. Procurei pelo casamento dos pais de Maria e não encontrei. Procurei pelo casamento de Maria e Manoel e também não encontrei, nem qualquer registo da sua passagem pelo Rio de Janeiro,a não ser alguns processos judiciais com construções, onde aparecem os nomes de um ou de outro, em data posterior ao óito de Manoel, mas coincidente com a profissão de Manoel: construtor, mas isso não me levou a lado algum.

Comecei a ler legislação sobre o assunto, para conseguir filtrar as minhas pesquisas, ou teria de ler TODOS os pedidos de passaporte emitidos em Portugal,entre 1886 e 1931...

Então, como de leis não pesco nada, fui tentar perceber com que idade um miúdo podia embarcar sozinho num navio e rumar a um novo continente. 

Ok, 12 anos já viajava sozinho. Mas com 12 anos, vivia como? Como é que se tornou construtor? Não devia ser de um vilarejo, pois já deveria ter algum contacto com construção, o que seria pouco provável num ambiente mais rural.

Nas listas de passageiros não encontrei nenhum Manoel , sozinho ou acompanhado, com idade dentro dos critérios.

Entretanto, lembrei-me que as penas por crimes praticados, também contemplavam exílio, onde estariam esses registos? Como não sabia onde procurar, li tudo o que encontrei sobre o assunto, desde teses de doutoramento até estatísticas do CEPESE . Ainda não encontrei o Manoel, mas fiquei a saber que quando a criminalidade aumentou na Bahia, teve que ver com a libertação dos escravos e a enorme quantidade de portugueses que foram ocupar os lugares vagos, com as mesmas faltas de condições dos escravos. Roubavam para comer e dar de comer aos filhos, eram párias da sociedade.

Claro que, outro tipo de migrante portuguê também singrava;  o comércio era onde o português, tratava a clientela como família e tinha sucesso, arranjando maneira de fazer chegar ao seu cliente a última novidade da europa. Este tipo de imigrante era grato à sua comunidade e gastava parte dos lucros a fundar escolas ou hospitais, ou bibliotecas ou Associações, para benefício dos seus conterrâneos.

Ora, não tendo o Manuel sido alvo de qualquer condenação que o levasse ao brasil, não fazendo parte das listas de embarque em parte alguma, pensei: partiu ilegal! Oh pá! E agora??? Na HEMEROTECA DIGITALpt encontrei as Actas da Câmara Municipal de Lisboa; tem algo a ver com o Manoel? Não, mas fiquei a saber que ficavam lavrados em acta alguns pedidos dos cidadãos, como licenças de comerciante, de construção, de vitrines, entre outros. 









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